CONTOS DA NECA MACHADO
Este
Conto foi publicado em 02.07.2003 como Editora de Cultura do jornal DA
MITOLOGIA AMAPAENSE
(Expressão registrada em cartório)
UM CLARÃO NA MATA
Estórias Recontadas por Neca Machado
Lá
pras bandas do Carvão no município de Mazagão, a densa floresta escondia em seu
seio, animais silvestres como: Paca, Cutia, Tatu, Aperema, Muçuã, Capivara, Veado,
Caititu, Tracajá, Mucura, Macaco, etc...
Nos finais
de semana, descendentes de afros se despiam de suas rotinas e adentravam na
mata para a famosa “caça” de aventuras, e numa dessas noites em que a Lua serve
de companhia, Camilo e Honorato resolveram “abicorar” a presa.
Os preparativos
para a caçada foram planejados com antecedência, roupas surradas para espantar
os insetos, querosene para a necessidade do fogo, um lampião, algumas garrafas
de cachaça, e a famosa cartucheira “Maria” como gostavam de chama-la.
Os dois
Compadres antes de caçarem a presa, resolveram prosear; Honorato o mais ousado,
contava mentiras como se fossem verdades, chegava a salivar de satisfação com
cada gesto pessoal que transformava em realidade; e dizia:...”se tu
soubesses que peguei lá em Santana uma
cabocla virgem que ela tremeu de tanta satisfação ia querer ficar três dias de
cama, só do cansaço que ela me deu...” Ria alto das mentiras e o outro
acompanhava balançando a cabeça sem parar, as vezes confirmava com um gesto de
agrado, outras fazia um não de forma que não acreditava.
E assim
a noite foi chegando sorrateira, a cachaça servia de companhia, um leve bate,
bate nas canelas de alguns Maruins, e foi quando uma Luz forte apareceu de
repente sem avisar e com ela um frio de fazer dó.
Honorato
esfregou os olhos, virou-se para Camilo e disse: levanta a “Maria” (espingarda)
que isso não é Bicho Compadre, “isso é alma de outro Mundo’.
Camilo
como um fantasma branco de medo, sem um pingo de sangue no rosto, tentava
segurar a arma e não conseguia, tremia feito uma vara verde, parece até que se
mijou, foi quando uma pancada o acertou em cheio na nuca, e caiu desfalecido, o
olho mal conseguia abrir, a dor de cabeça insuportável, a visão não se firmava
e ele desfaleceu de vez.
Honorato
descontrolado sem saber o que fazer desandou a correr feito um louco pela mata,
chegou a um vilarejo mais próximo com um palmo de língua pra fora dizendo: “ é
uma Luz, é uma Luz...” Quando acordou a febre o consumia.
“A estória
é um relato de Muitos dos Pioneiros que povoaram o interior do Amapá. ”
Continuo
a reproduzir estórias do cotidiano Tucuju (Neca Machado)