CASO VII
MEMORIAS SÃO MEMORIAS, A MINHA AINDA ESTÁ
LUCIDA (Garcia Marques escreveu sobre SUAS PUTAS TRISTES, EU escrevo sobre
falsos AMIGOS)
O ALUNO QUE AJUDEI A CHEGAR A UNIVERSIDADE
A febre
das Biografias se espalhou pelo mundo que resolvi escrever minhas MEMORIAS, mas, essas são sobre FALSOS AMIGOS.
EU sou
Professora há mais de 23 anos e como de costume o meu coração sempre emotivo
teima em querer ajudar alguém. No antigo CCA atual Gabriel de Almeida Café, um
de meus alunos resolveu me acompanhar quando vinhamos no termino das aulas caminhando
pelo centro da cidade porque moro no bairro do Laguinho, perto de meu local de
trabalho, nessa época não tinha carro.
E ele
me disse que fazia trabalhos caseiros como limpar quintais e pequenos serviços domésticos,
então resolvi pedir que nos fins de semana quando não estivesse ocupado que
viesse me ajudar na limpeza do quintal que era grande.
E por
esse pequeno serviço lhe pagaria uma quantia.
Assim ele
veio no início, foi ficando, já era de casa, lia meus livros, assistia Tevê com
meus filhos, e sempre inquieto me dizia que ia a Universidade.
Um
belo dia chegou angustiado e me disse que precisava de uma quantia para pagar a
inscrição do Vestibular na Universidade Federal do Amapá, naquela época a
inscrição era paga, era fora do pagamento e EU não tinha dinheiro, disse que
não poderia lhe ajudar naquele momento, mas, ele insistiu tanto, fez várias
colocações emotivas que resolvi tirar do dinheiro do pagamento da conta de Luz
e dar a ele para pagar a inscrição, e mais uma vez ele reclamou que só dava
para o pagamento da inscrição, como ele ia voltar da universidade se não tinha
o dinheiro para a passagem de ônibus?
E mais
uma vez, lá EU tive que desembolsar também o dinheiro do bilhete.
Assim ele
foi, fez a inscrição, fez o vestibular, passou, veio feliz me contar e também vibramos
com aquela conquista que era mérito dele. Não me agradeceu pelo dinheiro da
inscrição, esqueceu.
Terminou
a Universidade, aparecia só quando queria, não tinha mais compromisso comigo,
fiquei sem o ajudante.
Quando
foi a colação de grau dele, EU pensei que seria a Paraninfa, NADA, nem recebi o
convite para a festa.
Passou
em um concurso e já era Professor, meu colega de profissão, foi trabalhar no
interior. Um belo dia em um curso de pós-graduação encontrei um diretor de uma
escola que ele trabalhava e me disse que ele estava lá, perguntei por que não
tinha vindo fazer a pós-graduação, e o diretor me disse, ele agora só quer
MESTRADO.
E EU
só com meus pensamentos:
QUE
NÃO BATA NA MINHA PORTA, porque minha colaboração não vai ter.
Sou assim,
com muitas lembranças RUINS de gente que ajudei.
PS;
Ajudo não esperando retribuição, mas, hoje penso duas vezes em ajudar alguém.